Aqui fica o texto da Lara.

Viver numa casa pequena era particularmente difícil para um cão habituado a grandes espaços. Mas todo o divertimento e o carinho da família faziam com que aquele “desavontade” valesse a pena.
O cão a que me refiro chama-se Bart. É um cão bebé de uma raça japonesa, muito bonita e conhecida pela sua lealdade. O Bart passava o dia a fazer das suas brincadeiras, andava pela casa com cuecas na boca, adorava roer os sapatos, espalhava papel higiénico pela casa, andava de pé por razões que me escapavam e quando dormia fartava-se de ressonar.
Com o tempo já fazia o que mandávamos, mas manteve sempre as suas brincadeiras, o que fazia com que todos se rissem.
O Bart tinha-se afeiçoado especialmente a mim e, por isso, ia comigo para todo o lado, exceto para a escola.
Certo dia, durante as férias, estava só em casa, o meu irmão tinha ido ao cinema e os meus pais tinham ido trabalhar. Quando menos esperava aconteceu algo surreal.
Nesse dia tinha acordado tarde porque estava de férias e aproveitava para dormir um pouco mais, mas logo que acordei vi e ouvi algo que me deixou perplexa: o Bart estava em cima da cama a dar-me os bons dias, falando. Sim, usando palavras, como uma pessoa. Nesse momento, a única coisa que fiz foi ficar pasmada a olhar para ele.
Depois desse momento inacreditável, comecei a falar com ele e este contou-me os motivos pelos quais fazia aquelas brincadeiras. De todos os motivos que ele referiu, um era muito engraçado: ele andava de pé para poder ir comigo para a escola, pois pensava que se precisava de andar de pé para ir para lá, e então andava a treinar para que o fizesse com normalidade.
Com o tempo tornou-se difícil esconder de todos o segredo do Bart, pois ele, quando dormia, falava e adorava andar pela casa a cantar.
Um dia quase descobriram que ele falava, pois ele estava a dormir e começou a fazê-lo. Nesse momento, estavam convidados em casa e tive de fingir que era eu que o estava a fazer.
Para além dessas vezes em que, por um triz, quase erámos descobertos, o segredo ia-se mantendo.
E assim ficará para sempre e só eu saberei que o Bart fala.
Lara, 7.º1
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